quinta-feira, 20 de maio de 2010

Constrangimento ético: a defesa contra a corrupção


Durante a sessão do senado da república que aprovou a lei da “Ficha Limpa”, a senadora e pré-candidata pelo PV, Marina Silva esclareceu sobre a causa de tão célere processo.
Segundo a senadora, quando esteve na Câmara Federal, o processo ficou mais de 200 dias sem andar por manobras da base do governo, que não queria a aprovação da proposta. Com a pressão popular, o projeto foi uma ação popular, encabeçado pelo OAB e CNBB, tendo colhido milhões de assinaturas por todo o país, o medo de ser apontado como suspeito de apoiar corruptos e de passar pelo constrangimento ético de um julgamento público fez com que o projeto andasse.
A Senadora disse ainda que todos sabem que muitos parlamentares não votariam a favor do projeto caso tudo fosse feito sem a exposição que ocorreu. A transparência, a vigilância da população, faz com que os parlamentares temam a exposição de suas mazelas éticas.
Ficamos a imaginar se todas as falas, se todos os acordos, se todas as ações contra a população promovidas pelo executivo e seu suporte subserviente no legislativo jacobinense fosse do conhecimento de todos?
Se as sessões da câmara fossem a noite, como eram, quando não se tinha medo do constrangimento ético , se todas elas fossem transmitidas por rádios, será que os vereadores que defendem todos, absolutamente todos os desmandos do executivo, continuariam na mesma postura?
Será que o presidente da Câmara cederia a todos os caprichos e mandos do executivo, alguns até durante a sessão, quando interfere no processo legislativo por meio de telefonemas sinistros que o fazem quebrar acordos e faltar com sua palavra, caso tudo fosse transparente, fiscalizado de perto?
A forma mais efetiva de fazer os políticos se manterem honestos é expo-los ao constrangimento ético. Não se pode confundir gente honesta com corruptos que vendem suas consciências, que compram votos, que fazem contratos sem licitação usando laranjas, que administram evitando as licitações por pedidos descabidos e vergonhosos de estado de emergência.
Todos sabem destas manobras desonestas, mas pouco se usa do constrangimento ético para inibir estas ações. Quando ficar claro para a população quem é desonesto, quem desvia recursos públicos, quem é ímprobo, e, além disso, que eles sejam sistematicamente constrangidos por sua posição, as coisas mudarão, até mais rápido e firme do que na lenta e frágil ação do judiciário.

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