quarta-feira, 15 de julho de 2009

ENVELHECIMENTO


Cledson Sady - Membro da Academia Jacobinense de Letras / Filiado e miltante do PV

Com o avanço da medicina, a melhoria da qualidade de vida e com a diminuição da natalidade, a população mundial começou a envelhecer. O que já acontece nos paises mais desenvolvidos há décadas, começa a acontecer no Brasil. Na Bahia, dos 417 municípios, apenas 20 não podem ser considerados de população envelhecida, pelos critérios da OMS. Em 2025, segundo estimativa de órgãos competentes o Brasil terá 75 idosos para cada 100 jovens de 14 anos e em 2050, 100 idosos para cada 100 jovens de 14 anos.
O que isso significa para nós, indivíduos, que viramos número nas estatísticas dos estudiosos? Significa que temos que pensar sobre nosso envelhecimento, desde os 40 anos, pelo menos. Pensar na nossa rede de relações, na mudança de nossos hábitos, na adaptação a novas rotinas.
A senescencia chegará a todos que não morrerem antes dos 60 anos e permanecerem sadios, embora com as alterações orgânicas, naturais do desgaste causado pelo tempo. A senilidade chegará a todos que chegarem aos 60 anos doentes, por não terem planejado seu envelhecimento, por terem descuidado da saúde do corpo, da mente e do espírito.
Existe até um preconceito com a palavra velho, preferindo-se usar outras nomenclaturas, não adotados pelos especialistas, como o termo “melhor idade”. A melhor idade deve ser escolhida por cada um e não imposta pelo outro a troco de convencimento que aquela é a sua melhor idade. Alguém que chegue aos 60 anos ou mais, sem memória, sem autonomia, sem amigos, sem saúde, não deve achar que está na melhor idade.
Pensar na vida pós-aposentadoria, não no salário da previdência, mas no desligamento das suas atividades profissionais, que o acompanharam por décadas, é um bom exercício para envelhecer com autonomia. Muitas pessoas, quando se aposentam, perdem o contato com uma rotina que o valorizava e o incluía na sociedade, que mantinha seu dia cheio. Quando o indivíduo vive apenas sua vida profissional, sua vida financeira, não se envolve com atividades comunitárias, religiosas, culturais, acadêmicas, tem uma sensação de isolamento, pouco tempo depois que se aposenta.
Um filme Japonês, produzido em 1983, A Balada de Narayma, conta a estória de um vilarejo que, em meio a grande pobreza, adota o costume aonde seus habitantes, ao chegarem aos 70 anos de idade subam ao topo de uma montanha local, uma região tida como sagrada, para sozinhos esperarem pela morte, como fazem os velhos elefantes.
Muita gente acaba fazendo o mesmo, por não ter planejado sua velhice. Muitos caem na depressão, no isolamento, na tristeza de não mais fazer parte do jogo da vida e acabam se isolando, vivendo o resto da vida de forma amarga.
Convivo com dois grupos de idosos que conseguem ter uma vida boa e produtiva, apesar dos problemas próprios do organismo nessa faixa etária. Os amigos espíritas e os confrades e confreiras da Academia Jacobinense de Letras continuam em plena atividade, convivendo socialmente, produzindo cuidado ao outro e literatura. Continuam fazendo planos, vivendo um cotidiano com atividades, dentro de um ritmo compatível com suas condições físicas e produzindo como sempre.
Ontem, dia 12 de Julho, aconteceu a comemoração das bodas de ouro do casal Edmundo Isidoro dos Santos e Dona Elza Martins dos Santos. Um casal de idosos que mesmo depois de tanto ter feito por Jacobina, continua a espalhar educação e amor. São 50 anos de ministério, semeando, plantando e colhendo o bem. A festa foi belíssima, com a presença de pastores de todos os cantos do Brasil, desde Brasília, Maranhão, Salvador, Campo Formoso e de toda a região. Parabéns e um grande abraço ao Pastor Edmundo e a professora Elza pelo exemplo de perseverança e construção no bem.
São exemplos vivos de que, ao envelhecermos, podemos contribuir ainda mais com nossa comunidade, pois acumulamos experiência e agora temos mais tempo para nos atualizarmos e aplicarmos naquilo que mais alimenta a nossa alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

É importante um partido político abrir espaço para discussões de temas de relevante importância para a comunidade, a exemplo deste texto do Dr. Cledson Sady. Mais uma vez o PV de Jacobina mostra que o papel do partido vai além daquele de fazer apenas política partidária e politicagem. Parabéns.