domingo, 5 de setembro de 2010

Entrevista de Bassuma no Bahia Notícias


Por Evilásio Júnior, Gusmão Neto e Lucas Esteves –site Bahia Notícias

Bahia Notícias - Em todas as pesquisas de opinião, o PV apareceu sempre com 1% de intenção de votos e estacionou neste número. Diante disso, como conseguir fôlego, animação, para levar a campanha até o final?
Luiz Bassuma - Eu sou adepto da seguinte teoria: Nada mais forte do que uma ideia cujo tempo é chegado. Acho que as ideias que o PV defende não seriam possíveis 10, 20 anos atrás. Mas hoje, elas são absolutamente necessárias e as pessoas estão aceleradamente despertando para isso. Eu sinto isso nas conversas, debates, é impressionante o grau de receptividade quando as pessoas conhecem. Claro que nós temos uma série de dificuldades no sentido de visibilidade. O meu nome não é conhecido, o PV não é conhecido, é a primeira vez que disputa uma eleição. Então a pesquisa pra mim continua apontando isso: grau de visibilidade e de conhecimento de candidaturas e de partidos. E no Brasil, assim como na Bahia - a Bahia é um Brasil em miniatura -, 60% dos eleitores so define seu voto mesmo quando falta uma semana para a votação.
BN - Como ainda falta um mês para a votação, qual vai ser a estratégia do PV para conseguir o voto destas pessoas? É concentrar mais nos debates, levar a campanha mais para o interior?
LB - Eu tinha essa vontade. A Bahia concentra 60% da população em 15 cidades. Como a Bahia é um país, andar por toda a Bahia é quase impossível, então nós temos que priorizar. Não tem como uma campanha com estrutura tão ínfima como a nossa, pobre do ponto de vista material, mas cheia de ideias, cheia de energia, dar conta do que temos que fazer senão houver prioridades. Então estamos nos concentrando nos debates. Todos os que já aconteceram eu vou. Esta entrevista é a quarta que eu vou e ainda tem mais duas. Claro que às vezes a gente reune poucas pessoas e não importa a quantidade, mas sim a qualidade. Muitas vezes a gente tem pessoas que saem dali motivadissimas e isso tem um efeito multiplicador enorme.
BN - No caso do PV não ir de fato para o segundo turno, já existe a discussão sobre as possíveis alianças com algum dos grupos que avance na eleição? Existe algum grupo que tenha mais afinidade com o PV?
LB - Primeiro tem isso, a gente acredita porque se a política fosse uma ciência exata, matemática, não tinha sentido nem fazer esta disputa, porque o mais poderoso, que tem mais estrutura e mais tempo de televisão, teria vencido. Mas a história está cheia de exemplos de que, de repente, um acontecimento pode mudar tudo. A política depende de ações, momentos, fatos que possam mudar tudo a qualquer momento. Eu acredito ue o segundo turno vai acontecer pelas características conjunturais da Bahia, que é diferente do país. Wagner e Lula são duas coisas muito diferentes. O povo sabe diferenciar muito bem o que está acontecendo no Brasil, com o fenômeno social de Lula, e o que acontece na Bahia com Wagner. Três condições são essenciais para o povo avaliar se o governo vai bem ou não: Educação, Saúde e Segurança. Eles respondem por 90% das necessidades do povo. Na Bahia, a educação vai mal, a saúde vai pior e a segurança é um caos. Então, pra mim, o segundo turno é inevitável. Podemos não ir para o segundo turno e, se não formos, temos que evitar o pior, não tem jeito. Mas se eu te responder hoje, estarei dando uma resposta prematura, porque ainda tem quase um mês de campanha e como a nossa aliança não pode ser pragmática, por cargos e participação, tem que ser por mudanças perceptíveis no programa de governo dos outros candidatos. E nenhum dos programas dos outros candidatos nos agrada. Portanto, seria prematuro afirmar sobre isso agora. Seria irresponsável, leviano, eu diria, porque temos que decidir isso em grupo.
BN - Como é o típico processo de captação de recursos para a campanha do PV? Quem atende e quem doa dinheiro para o PV em 2010?
LB - O PV é um pouquinho exigente. Não que seja assim radical, que não podemos aceitar. Eu nunca perdi uma eleição, mas sempre as minhas campanhas foram muito pobres. E nunca faltou o necessário, sempre foi o mínimo. E nesta campanha, eu digo que isto também está acontecendo. Nós batemos em algumas portas e esas portas não se abriram pra nós. E que portas são essas? De doadores que querem doar porque entendem a importância da campanha mas não querem a barganha, até porque eles sabem que não somos favoritos. Eu sempre costumo brincar quando eu encontro uma pessoa disposta a fazer uma doação, ainda que sejam poucos esses encontros, mas eles acontecem. Só tem dois tipos de pessoas que têm dinheiro e apoiariam o nosso projeto: ou uma pessoa amiga minha, e eu não tenho esses amigos, ou uma pessoa com uma visão de mundo muito avançada. A Marina teve essa vantagem, encontrou o Guilherme Leal (candidato a vice e presidente da Natura), mas a minha vice é uma pessoa muito pobre. A Lília (Amorim), que é uma cadeirante, nós realizamos o sonho dela, que era ter uma cadeira de rodas. A gente se juntou e deu uma cadeira para ela. Eu não tive o mérito de ter um vice que tivesse uma situação confortável. Mas acho que está bom. Eu uso sempre Francisco de Assis, com uma frase muito bela que diz: "Comece fazendo o que é necessário, continue fazendo o que é possível que, de repente, você estará fazendo algo impossível". Traduzindo isso para a política, fazer o necessário para um político é ser honesto. O segundo passo é optar sair dos seus interesses pessoais e dedicar seu tempo e abrir mão de suas coisas para cuidar dos outros, do mundo à sua volta. Se você age assim, de repente você estará fazendo algo impossível, que pode ser um partido pequeno, com estrutura pobre, vencer as eleições.

"(...) Pessoas como essas duas (Juliano Matos e Beth Wagner) não mereceriam mais estar usando a imagem e a legenda do PV."
BN - Falando sobre Wagner e Lula, como está aquela antiga rusga com Juliano Matos e Beth Wagner, que do PV ainda lutaram para que o partido apoiasse Wagner nestas eleições e sofreram ações da comissão e ética do partido? No debate da Band, o senhor deu uma alfinetada em duas pessoas que seriam "empregados" do governo Wagner. São essas as duas pessoas?
LB - Acho que essa eleição, independente do resultado eleitoral, na Bahia e no Brasil, ela é um divisor de aguas. Estou convencido disso cientificamente.É um divisor de águas para o PV e para a política baiana e brasileira. Na minha opinião, o PT atingiu seu ápice na história dos partidos políticos e começou a decair. O PMDB, não preciso dizer, ja teve o seu momento lá atrás, assim como o PSDB e DEM também, só para citar os maiores. Então emergem dessas eleições uma nova alternativa que é uma planta e precisa ser cuidada com carinho. Então vai haver uma separação natural do joio do trigo. Então pessoas como essas duas, que integravam o governo Wagner, eram do PV e depois da nossa chegada, em que rompemos com Wagner, elas continuaram no governo até o último dia que a lei permite, contrariando a decisão do partido, elas não mereceriam mais estar usando a imagem e a legenda do PV. Estão ainda porque eu descobri que, por enquanto, o partido é bastante tolerante, mas eu acho que isso tende a mudar, porque senão o partido não mantém sua identidade.
BN - O candidato do Psol ao governo, Marcos Mendes, afirma que a candidatura do PV não difere muito da de Wagner ou Paulo Souto e Geddel, por exemplo. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
LB - Eu costumo dizer sempre de maneira bem pedagógica e direta. Entre essas cinco alternativas presentes hoje, quem não quer que nada mude vota em Wagner. Quem quer mudar só um pouquinho tem a opção com Geddel. Mas por que mudar um pouquinho? Porque PT e PMDB são sócios em um projeto nacional e sócios bastante integrados. Quem quer voltar a uma coisa que já conhece é Paulo Souto, óbvio, sem fazer aqui qualquer juízo de valor. Mas quem quiser uma mudança profundamente sectária opta pelo PSol. Eu respeito a visão de mundo deles mas discordo. É uma visão ainda do século 20, da época da luta de classes, muro de Berlim. O mundo acelerou muito socialmente, na política, na visão de mundo. Então o PV se coloca como a única mudança real a prática política. Isso é o que me estimulou, senão eu não sairia do PT, mesmo da forma que saí, para aceitar esse desafio que eu sabia ser difícil, só não sabia que seria tão difícil (risos). Não pelas dificuldades materiais, mas pelas pessoas. Quando saí do PT, era normal ter luta de tendências, mas o partido é grande. No PV, que é pequenininho, passamos por problemas com algumas pessoas que foram muito sérios, como com o ministro Juca (Ferreira), o que causou muito desgaste pra nós. Mas isso tudo é aprendizado, estou ciente disso.
BN - Como é a rotina da campanha? O que o senhor faz desde que acorda até o momento em que vai dormir durante os dias em que divulga sua candidatura?
LB - Primeiro, eu sempre, e hoje com muito mais intensidade, medito um pouco e oro. Porque alguns erros eu não sou permitido cometer. Ao longo da minha vida, eu consegui resistir bastante e agora mais do que nunca a gente vai ter que ter coerência, e o preço da coerência é um preço muito caro a ser pago. Isso ajuda a manter a minha disposição e me manter firme nos meus princípios. Segundo é que todo dia acontece alterações de agenda. Agora eu estava certo de uma viagem para fazer a Vitória da Conquista mas foi cancelada e transferida para Guanambi, depois cancelou de novo. Então nós temos uma estrutura muito pequena, deficiente, e tudo fica muito mais difícil de organizar. Mas o que tem acontecido e deixado o meu coração repleto de emoção? Temos encontrado pessoas em atividades, que às vezes reúnem 50 ou 100 pessoas, mas em duas ou três você percebe um vigor, uma vibração e disposição para se doar. Tive um exemplo magnífico em Feira, quando estava atrasado para uma palestra em uma faculdade da cidade. Então me disseram que eu tinha de visitar uma pessoa que era um deficiente físico, Henrique, e que ele queria me conhecer, mas eu disse que estávamos atrasados. Mesmo assim, decidi atrasar mais meia hora e fui fazer a visita. Henrique tem 25 anos de idade, é de uma família muito pobre de Feira de Santana, não tem pernas, tem os braços atrofiados, mas ganhou um computador e escreve, se articula, acompanha tudo. E ele perguntou pra mim emocionado "como é que posso te ajudar?". Uma experiência dessa compensa tudo. É uma pessoa, mas isso dá uma diferença que o mundo não está acostumado a avaliar. O mundo avalia festas, multidões. Eu dou valor para esses episódios. Eles têm um valor que você não tem ideia do que significam no processo político.

"Só tem dois tipos de pessoas que têm dinheiro e apoiariam o nosso projeto: ou uma pessoa amiga minha (...), ou uma pessoa com uma visão de mundo muito avançada."
BN - É verdade que o senhor tem tido problemas com a comunidade espírita porque estaria se utilizando do discurso espírita para capitalizar votos?
LB - Pelo IBGE, o número de espíritas do Brasil é 3%, na Bahia é um pouquinho mais. Seria uma coisa estranha da minha parte, uma vez que eu lido com católicos, evangélicos, agnósticos, ateus, expressar a minha condição de espírita. O que eu ganho com isso do ponto de vista eleitoral? Só teria uma, se eu fosse candidato e deputado dos espíritas. Nunca fui. Por que é que eu explicito essa minha condição? Primeiro porque eu acho que rótulo não significa nada na vida de ninguém. Você aquilo o que você faz, pensa e age no seu dia a dia. Mas eu me sentiria ingrato com Deus se uma coisa que na minha vida me faz bem, não pelo aspecto religioso, mas pelo conhecimento que o espiritismo me trouxe, não fosse explicitada apenas para que as pessoas saibam disso. Eu, que estou na política, nunca usei isso no sentido eleitoral. Por exemplo, o centro onde eu trabalho há 30 anos no Nordeste de Amaralina com crianças pobres e nunca tivemos votos de lá, nunca fizemos campanha nem no centro e nem no bairro, onde eu estou há décadas. Na última eleição, quando tive 70 mil votos, no bairro eu tive 200 e pouco. Quando fui vereador, tive 4.500 votos, no bairro em que eu faço trabalho social com crianças tive 22. E o bairro elegeu sozinho na época dois vereadores: Dr. Gilberto e Davi Ornellas. E sabe por que eles foram eleitos? Porque fazem festa às vésperas da eleição. Eu faço trabalho social com crianças. Então eu estou com a consciência limpa, estou tranquilo com isso. As críticas sempre aparecerão. Só não tem críticas quem não está se esforçando para fazer alguma coisa de bom nesse mundo.
BN – De todas as propostas de todos os candidatos ao governo este ano, a mais diferente do comum é a da criação da Secretaria da Paz oferecida pelo PV. Poderia nos falar um pouco mais dela?
LB – Como eu já tenho dito, acredito que a segurança na Bahia está um caos e vou dar um dado que diz tudo. O índice de homicídios em Salvador, que era alto em 2006, estabilizado em 35 por cada 100 mil habitantes, passou para 68. Nos países ditos civilizados, a média é de 6, 6. No Chile chega a 3. É a capital que mais mata no Brasil. Então nós propomos mudar o nome da secretaria pra Secretaria da Paz e da Segurança Humana, porque assim nós mudaremos a essência da gestão da secretaria. Quais são os dois vetores cruciais para desmontar esse modelo que está aí? Prevenção e cultura da paz. O que é a prevenção? Inteligência. Muito investimento em inteligência. Externa, para eliminar o crime organizado, mas interna, que é a corregedoria. Se existe uma área que não pode ter maus funcionários é a polícia, porque um policial corrupto pode colocar tudo a perder. E por que a cultura da paz? Vou te dar um exemplo chocante. Por que Salvador é a capital que mais mata? Existem 700 mil armas clandestinas e ilegais na Bahia. Isso são dados extra-oficiais, de ONGS. O povo da Bahia está armado. Isso faz com que pessoas por nada, por paixão, desequilíbrio, use uma arma para matar. É o papel do Estado desarmar a população. Existe um estatuto para isso e só existe um posto de desarmamento na Bahia, que fica em Feira de Santana e pertence a uma ONG que levou um ano até conseguir autorização do governo para isso. Então a nossa proposta é fazer igual a Japão e Costa Rica fizeram. Cito estes dois países porque eles são radicalmente diferentes. Cultural, economicamente, tudo. Os dois introduziram essa mudança cultural na Segurança Pública há 20 anos. Sabe qual o número de homicídios no Japão, um país de 130 milhões de pessoas, no último ano? Três homicídios. Na Costa Rica foi zero. E o Brasil, sabe quanto foi? 39 mil pessoas morreram. É o país que mata mais que qualquer guerra no mundo. Então nós estamos diante de um modelo que está falido, mas temos de ter coragem para mudar isso. É isso que nós vamos propor. Porque esta mudança traz efeitos de curtíssimo prazo, de médio e de longo prazo. A de longo prazo é a cultura da paz. Para as pessoas entenderem que a violência não resolve nada. A paz é a solução definitiva para os problemas, quando ela é bem usada.
BN – Diante da principal bandeira do PV, que é a sustentabilidade, de que forma o senhor enxerga essa cosia das barracas e a polêmica dos Transcons em Salvador?
LB – A questão das barracas, apesar de ser uma decisão federal, ela mostra uma deficiência enorme na nossa cidade. Isso passa por todos os governos, mas especialmente pelo último, porque você deixou uma coisa perder o controle, ou seja, a ocupação desordenada das nossas praias era uma cosia que chocava, não é. A gente que mora aqui e vê isso todo dia acaba se acostumando, mas as pessoas que vêm de fora ficavam chocadas. São dois extremos: antes, como estava, era ruim, e da forma como foi, ficou pior. Então, o que deveria ter acontecido, que era o caminho do meio? O ordenamento responsável do uso responsável desse espaço. É dos costumes do povo ir para a praia e a praia é verdadeiramente o único entretenimento verdadeiramente democrático que nós temos, porque ninguém paga pra ir à praia. Mas há o costume também de usufruir das barracas, então a falta delas é uma coisa que além de causar crise nas pessoas que são comerciantes, causa também nos usuários.

"Quais são os dois vetores cruciais para desmontar esse modelo (de violência) que está aí? Prevenção e cultura da paz."
BN – Mas o Projeto Orla da União foi feito por Marina Silva.
LB – É, mas ela não teve como fugir de, quando era ministra do Meio Ambiente, de cumprir com a sua tarefa. Então o Estado não pode deixar de cumprir seu papel como executor do bem público. No caso existem também as leia da Marinha, que são muito restritivas, e estavam sendo descumpridas. Volto a dizer: tudo é uma questão de ordenamento. Se as praias de salvador tivessem tido um ordenamento racional, tenho certeza que isto não teria acontecido?
BN – Falando em Marina Silva, por que ela ainda não apareceu fisicamente na campanha do PV da Bahia?
LB – Boa pergunta (risos), porque ela veio duas vezes para a Bahia e todas foram tão complicadas... O que eu aprendi na vida? Eu digo “está aqui, a Bahia é o quarto colégio eleitoral do Brasil”. O PV, tirando o Rio de Janeiro, que a disputa é com (Fernando) Gabeira, os outros estados está todo mundo com 1%. Então não é por discriminação, porque não é todo mundo que está com 30% menos nós. Então eu não vou insistir, cobrar. O pessoal da coordenação dela deve ter critérios – que eu discordo – e aí uma explicação: por que Marina, na Bahia, segundo as pesquisas, está com 6% e em São Paulo está com 13%? Porque a maioria das agendas é cumprida em São Paulo. Preferia que não fosse assim, mas também não sou eu que serei o chato e insistente. Acho que nós temos que fazer o nosso trabalho andar. Ela vindo, é bom. Está previsto ela vir em setembro, mas essa data eu nem falo mais, porque já houve uma mudança, então só vou divulgar quando estiver certíssimo.
BN – Inclusive, na primeira e também talvez na segunda semana de campanha na TV e rádio, apareceu uma inserção da Marina em que ela falava em geral “para governador, vote nos candidatos do PV”, e não do nome específico de Luiz Bassuma. E só agora há cerca de duas semanas ela começou a falar o seu nome. Isso também é um desacerto de agendas?
LB – Não sei nem se saiu este programa, porque na primeira semana não tive tempo de ver. O nosso primeiro programa veio editado de São Paulo de maneira errada e quando chegou na Bahia a gente alterou. Porque tínhamos duas imagens: uma dela geral, falando para todos os estados e outra específica. Só que nós tínhamos imagens dela gravadas aqui em Salvador e eles não usaram. Então eu pedi para trocar isso. E não foi ao ar, tem certeza?
BN – Com certeza.
LB – Olha... Porque eu soube que tinha um erro de edição em SP. Para você o nosso nível de recurso, nós não tínhamos dinheiro para editar aqui e mandamos editar em São Paulo. E aí isso virou problema para nós e aí a gente corrigiu. Depois, decidimos fazer aqui. Mesmo com uma qualidade não tão boa, resolvemos fazer aqui até para evitar esse tipo de problema. Não só pela demora, mas também porque lá você não controla a edição. Porque, quando chega aqui a fita, está na hora de tocar.
BN – O PV da Bahia não vai fazer nenhum comício nessa campanha?
LB – Deixa só a Marina confirmar a agenda dela. Porque também tem muita pressão do interior. Não se sabe ela virá aqui para passar um dia ou dois. Como ela já esteve na capital e em Juazeiro, há uma pressão muito forte de Barreiras, Conquista, Itabuna e Ilhéus. Então temos que definir, porque se ela vier para a capital, terá de fazer um comício, mas precisamos saber do dia. A principio, qual seria a idéia? Ela viria para fazer várias atividades, porque ela viria de avião, claro – eu não tenho avião, mas ela tem (risos) – e depois faria um comício em um desses quatro lugares, onde for mais adequado.

"Não sou eu que serei o chato e insistente. Acho que nós temos que fazer o nosso trabalho andar (sobre a ausência de Marina Silva)."
BN – Então só tem comício se Marina vier?
LB – A princípio, sim, porque não estamos marcando comícios, não. Estamos marcando caminhadas. Eu tenho feito comícios individuais. Essa cosia de estrutura grande. Agora, se Marina vier, será preciso fazer um. Mas onde será isso? Aí temos que definir. Deve ser em Barreiras, ou Conquista ou Itabuna.
BN –Até porque ela tem uma condição física muito frágil.
LB – Por isso mesmo é que será um comício. A coordenação de campanha dela já decidiu: ela não tem condições de fazer mais de um comício ou três, quatro atividades desse nível, que demande muita energia. Ao vir à Bahia, ela vaio fazer algumas atividades diferentes, mas comício mesmo só deve ser um. Até por razões econômicas, mesmo. Porque organizar um comício bem feito demanda recursos, então nós também temos sido econômicos nisso.
BN – Caso as pesquisas estejam corretas e Luiz Bassuma não vá ao segundo Turno, como será o seu caminho no PV?
LB – Antes de deixar o PT e entrar no PV para disputar o Governo, eu vinha meditando muito em sair da política. Eu estava muito triste, afinal já são 16 anos de vida pública e chega um hora em que eu me sinto foram do contexto. Porque é um mundo muito difícil de lidar. Acho que você vai saturando, mas depois eu descobri que a minha entrada no PV me fez voltar para o meu nível de responsabilidade. Não que eu seja melhor do que ninguém ou perfeito, mas eu dou o melhor de mim para fazer as coisas bem e acertar. Eu tenho estado muito triste com um câncer que tomou conta de todas as instituições do Brasil e em especial na Bahia: a corrupção. Eu já provei inclusive a corrupção na saúde pública. Não eé uma mera denúncia vazia. Nesta campanha eu voltei a visitar os principais hospitais públicos e vi pessoas que praticamente perderam a esperança de viver por falta de uma saúde adequada e saber que há em uma área como essa tantos desvios, não dá para sair da vida pública. Mas a minha vontade era estar fazendo outras cosias muito mais interessantes do que conviver nesse meio, porque é difícil. Principalmente para quem está na porta estreita, ali. Mas tem que insistir. Se você faz parte disso, qual o melhor lugar para estar se você quer mudar uma cosia como a política? É estando dentro. Ao ingressar no PV e disputar esta eleição, que, reconheço, ser difícil a vitória agora, mas sei que a vitória vai chegar. Eu só não sei o tamanho dela. Pode ser total, pode ser parcial. Mas só pelo fato de nos colocarmos como uma alternativa e acreditarmos nisso, já é um processo vitorioso.

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